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Desempenho acústico de edificações, comparando Brasil e Espanha

Mesmo usando esquadrias de PVC, lajes maciças de concreto armado de 20cm de espessura, mantas acústicas no contrapiso e lã-de-vidro/rocha nas paredes você saberia dizer a seus clientes o nível de desempenho acústico que o apartamento vendido na planta vai entregar?

Este artigo tem a finalidade de introduzir ao mercado brasileiro metodologia europeia que simplifica processos em projeto e na obra. Além disso, ela inclui procedimento sem cálculos que permite ao incorporador assegurar o desempenho acústico de empreendimentos imobiliários a usuários e investidores mesmo antes de estarem prontos.

Achou interessante? Então saiba o que é possível aprender da versão espanhola da norma de desempenho e entenda por que o método europeu pode ser adaptado ao Brasil.

O Congresso de acústica FIA 20/22 em Florianópolis

Neste ano, de 28 a 31 de agosto, ocorreu em Florianópolis o 12º Congresso Iberoamericano de Acústica, FIA 20/22.

A Coeficiência publicou artigo e apresentou pôster na feira com a presença dos principais atores e pesquisadores da área de acústica e vibrações de diversos países do mundo.

O Consultor em Acústica, Eng. Esp. Guilherme Antunes apresentou um comparativo analisando a NBR 15575 à luz da metodologia proposta pelo Código Técnico da Edificação Espanhol (CTE).

Nesse sentido, ele identificou que o método, com as devidas adaptações, pode ser aplicado no Brasil e trazer benefícios tanto a construtores quanto a usuários.

Em primeiro lugar, esta metodologia otimiza e simplifica processos ao mesmo tempo que proporciona segurança jurídica e maior garantia de retorno ao investimento, estando também relacionado a garantia de qualidade do produto imobiliário.

Além disso, a metodologia europeia propõe procedimentos que asseguram a investidores que o atendimento aos requisitos desempenho acústico de edifícios previstos na NBR 15575.

A abordagem proposta na Espanha contempla inclusive um MÉTODO SEM CÁLCULOS e vale muito a pena conhecer!

NBR 15575, o segredo para o sucesso e o desempenho acústico em edificações

Já publicamos neste blog um artigo que fala sobre os desafios e benefícios relacionados a desempenho acústico das edificações para atendimento a NBR 15575.

De acordo com a CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção – a NBR 15575 distribui sua aplicação entre os principais agentes da construção civil.

O presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC menciona que a incorporação imobiliária é uma atividade de longo prazo, tratando-se de uma atividade de alto risco.

Imagem ilustrativa.

Além disso, ele diz que para “errar” menos é necessário buscar informações de todas as fontes possíveis, morando ai o segredo do sucesso, ele menciona:

“Do começo ao final de um empreendimento imobiliário, estamos falando de um ciclo de cinco a sete anos. E mesmo os empresários mais bem sucedidos costumam dizer que não se acerta 100% das vezes, então trata-se de uma atividade de alto risco”

Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC

De fato, a NBR 15575 determina que a edificação deve atender a requisitos de desempenho acústico entre áreas comuns e privativas, entre áreas privativas de unidades autônomas diferentes e de vedações externas da edificação.

Por outro lado, o CTE pauta os requisitos acústicos através do Documento Básico HR “Protección frente al ruído” de 2009.

Em síntese, além das exigências, o CTE fornece material robusto de apoio a projetistas e construtores, o Guía de Aplicación del DB HR Proteccíon Frente Al Ruido.

Desse modo, o Guia orienta a aplicação do DB HR, a sua aplicação pressupõem que todos requisitos acústicos foram contemplados desde a concepção até a construção.

Ilustração do Guia DB-HR. (Adaptado de https://www.codigotecnico.org/)
Ilustração do Guia DB-HR. (Adaptado de https://www.codigotecnico.org/)

Desempenho acústico, diferença entre a NBR 1575 e CTE da Espanha

Com o intuito de estabelecer um comparativo, nosso consultor identificou que a criação normas brasileira e espanhola ocorreram em épocas próximas. No entanto, uma das principais diferenças é finalidade de cada um.

Ao determinar o seu objetivo, NBR 15575 utiliza os termos “isolamento acústico adequado”, sem definir exatamente o que é considerado “adequado” para o conforto do usuário.

O DB HR tem como objetivo minimizar o risco de desconforto do usuário mediante a orientações quanto às características de concepção, construção e manutenção da edificação.”

ENG. ESP. GUILHERME ANTUNES

Portanto, diferente da NBR 15575, o DB HR complementado pelo seu Guia de aplicação estabelece não apenas regras, mas também procedimentos e orientações de como aplicar e atender a estes requisitos em projeto e durante a execução.

Além disso, entrega uma ferramenta de cálculo gratuita que permite ao projetista prever o desempenho dos sistemas construtivos na grande maioria dos casos.

A correta aplicação deste documento pressupõe que os requisitos básicos de desempenho acústico estão contemplados durante as fases de projeto e execução.

desempenho acústico no Processo proposto no Guia de Aplicação do DB HR

Veja o esquema proposto para atendimento aos requisitos do DB HR, o Guia divide o processo em 5 etapas, do projeto até a obra:

Figura 2. Esquema de procedimento proposto pelo Guia de aplicação DB HR Protección frente al ruído, Versão V.03, Dezembro de 2016.

PASSO 1 a 5 – EM PROJETO

  • PASSO 01 – antes de estudar os níveis de isolamento acústico exigidos em um edifício, é necessário conhecer o valor do índice de ruído diurno, Ld, da área onde o edifício está localizado
    • assim como a NBR 15575, o DB HR define as exigências de isolamento acústico nos sistemas de vedação externos, fachadas e coberturas
    • esta etapa seria semelhante a determinação da Classe de Ruído proposto pela NBR 15575
  • PASSO 02 – está relacionado a zoneamento acústico de plantas e pavimentos para definição de requisitos de desempenho dos diferentes sistemas de vedação conforme o uso de cada ambiente
  • PASSO 03 – o projetista escolhe a maneira que utilizará para comprovação de cumprimento aos requisitos acústico definidos no PASSO 02
    • método simplificado: nenhum cálculo necessário, apenas a escolha dos elementos construtivos tabelados
      • este método só pode ser aplicado quando é previsto lajes de concreto maciço pré moldadas ou de concreto armado, não se aplica em sistema de vedação horizontal de madeira ou mistos de madeira e concreto
    • Método geral: consiste em um método de cálculo baseado no modelo simplificado da norma EN ISO 12354.
      • neste método o cálculo do isolamento acústico é feito para cada par de recintos e leva em consideração que isolamento é mais desfavorável dependendo dos volumes interno dos ambientes, superfícies e juntas entre elementos
      • força os cálculos a serem feitos para o ruído aéreo e de impacto simultaneamente
  • PASSO 04 – o isolamento acústico no edifício dependa do conjunto de elementos construtivos que compõe os recintos onde o isolamento será avaliado:
    • quando o método simplificado do PASSO 3 é escolhido, é necessário a utilização de uma série de tabelas individualizadas
    • o projetista irá definir os valores mínimos de isolamento acústico em laboratório (Rw) que os elementos de construção devem devem proporcionar separadamente para atendimento aos requisitos para cada um dos diferentes elementos construtivos
  • PASSO 05 – definição dos encontros entre elementos construtivos, encontros entre elementos distintos e informações necessárias para o projeto executivo:
    • contêm os detalhes  de  construção relevantes do ponto de  vista do  isolamento acústico que são necessários  para preparar um  projeto de execução

PASSO 06 – EM OBRA

  • PASSO 06 – organiza as informações importantes e condições de controle, execução das soluções construtivas e comissionamentos, estando dividido em:
    • Execução: sequencias de montagem
    • Controle de execução: checklists de controle dos serviços executados
    • Controle da obra terminada: são fichas de como devem ser realizados os ensaios acústicos após finalização da obra

CONCLUSÕES

Por fim, após estabelecer o paralelo entre os dois países, o Eng. Guilherme identificou que as duas normativa que possuem aspectos gerais e técnicos próprios (Data de vigor, Objetivos, Critérios Avaliados, Níveis exigidos).

No entanto, ambos apresentam semelhança entre os Índices Acústicos Avaliados, sendo este o elo entre a NBR 15575 e o CTE.

Em conclusão, esta observação demonstra a viabilidade de utilizar o DB HR e seu Guia de Aplicação como modelo para criação de um documento básico e de apoio ao projetista brasileiro, atentando-se aos objetivos, aspectos gerais e técnicos pertinentes ao caso brasileiro.

Para saber mais sobre desempenho acústico

Caso queira receber nosso ARTIGO COMPLETO publicado no FIA 20/22, clique neste LINK.

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Leia também: Porta acústica, a importância da vedação para o desempenho acústico de edificações.

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